Plataformas digitais ajudam a democratizar o acesso de pessoas “comuns” a investimentos
Por Mayra Couto
Agência Pav!o/ Cortesia
Uma nova forma de girar a economia vem crescendo no mundo todo. Plataformas online permitem que as pessoas de forma criativa e sustentável – já que costumam gerar menos lixo no meio ambiente por investirem em uma ideia, projeto ou em um produto “melhor pensado” que irá ser criado após o financiamento – consigam financiar causas e coisas. As plataformas crowdfunding e crowdsourcing estão crescendo no mundo todo e ganhando espaço no Brasil e no Recife.
“Provavelmente a plataforma mais popular entre as pessoas é a crowdfunding onde os indivíduos costumam financiar desde shows, ideias, projetos até pesquisas cientificas e causas sociais”, explica Filipe Pessoa, executivo chefe de empreendedorismo do Cesar. Geralmente, em um futuro próximo essas pessoas vão ter algo em troca desse investimento. Vão poder ver o show, filme, projeto que financiaram e se identificam ganhar vida ou até mesmo conseguir alguma conquista pessoal para avançar na carreira, como é o caso de Marlon Diego Gomes, 22, estudante de jornalismo. Ele conseguiu, através de uma plataforma de crowdfunding, que amigos e desconhecidos financiassem uma lente para sua câmera, em troca, dependendo do valor doado, as pessoas ganhariam uma foto ou um ensaio.
“Estava perto do meu aniversário e eu não queria festa, nem presentes. Eu estava precisando de uma lente que iria facilitar e expandir meus trabalhos em fotografia. Então, coloquei lá o meu textinho explicando a importância do equipamento fotográfico para mim e veio à surpresa”, conta Marlon. Na plataforma, ele escolheu o modelo do “tudo ou nada”, onde você precisa chegar a um valor específico, no caso dele, era de R$700,00. Se você não atingir a meta não leva nada. Ele não só atingiu, como superou o valor estipulado.
Entretanto essa nova forma de financiamento surgiu de um outro tipo de plataforma o crowdsourcing ideia que possibilitava uma multidão ou grupo de pessoas contribuírem de alguma forma com uma ideia ou pesquisa: “Ela surgiu com a ideia de pessoas espalhadas se unirem para a resolução de problemas. Por exemplo: a Nasa já disponibilizou fotos para que as pessoas pudessem classificar as galáxias, através de perguntas simples, sem a necessidade de um conhecimento cientifico”, explica Filipe Pessoa do Cesar.
Esse tipo de plataforma gera algum tipo de ganho, não necessariamente um ganho de produto tátil. “Elas resultam em uma nova forma de como os negócios são gerados. E definem novas formas de produtos e serviços”, explica José Carlos Cavalcanti professor do departamento de Economia e do Centro de informática da UFPE. Um exemplo disso, é o aplicativo Wase. Ele é um tipo de crowdsourcing onde os próprios usuários o alimentam com informações diárias, desde em qual região está com mais engarrafamento até onde tem, naquele momento, blitz da lei seca.
No Brasil, elas ainda são pouco desenvolvidas, mas lá fora as pessoas conseguem, inclusive, entrar como acionistas em startups a partir deste tipo de plataforma. Proporcionando, uma certa democratização dos investimentos: “Uma pessoa física que não seja necessariamente um investidor qualificado pode se tornar sócio de uma empresa recebendo em troca o valor doado em forma de ação. Ou seja, você pode abrir o acesso de pessoas que acreditem em uma determinada ideia”, explica Filipe do Cesar. Além disso, também acontece uma maior diversificação do mercado em que se esteja investindo. “Ao invés de você colocar muito dinheiro em uma única empresa você pode investir, por exemplo, 10 mil reais em uma e outro valor em outra e com isso aumentar seu portfólio de investimentos”, comenta Filipe.
Embarcando nesse tipo de plataforma e negócio uma startup pernambucana pode ajudar a sociedade no combate a epidemias. A Epitrack quis unir esses modelos de plataforma as pesquisas na área de saúde. Por isso, na copa do mundo no Brasil eles criaram um app o Saúde na Copa apoiado pelo Ministério da Saúde que consistia nos usuários registrarem seus sintomas e a partir desses dados, mapeavam áreas e monitoravam para descobrir se teria algum princípio de surto epidemiológico. Para as Olimpíadas a nova aposta é o app gratuito Guardiões da Saúde, disponível para Android e IOS e até o inicio dos jogos em 6 línguas diferentes, que pela proposta de crowdsourcing também permite aos usuários informarem seus sintomas e esses dados servem como base para o mapeamento e prevenção de epidemias. “Às vezes, a pessoa adoece e nem sempre procura a unidade de saúde se ela registrar os sintomas no aplicativo o Ministério da Saúde consegue ter acesso a esses casos”, explica Onício Leal ceo da Epitrack.
Além disso, a empresa pernambucana está envolvida em um outro projeto que pode ajudar a identificar diferentes tipos de câncer. “A ideia é que no futuro exista um crowdsourcing em que as pessoas falem os sintomas ou até mesmo coloquem uma gotinha de sangue, como se fosse um medidor de glicose, e a partir disso possa ser analisado os tipos de câncer que a pessoa mais tenha chances de desenvolver e o principal câncer que ataque a população”, explica Onício.
Agência Pav!o/ Cortesia
Com essa ideia criada em parceria com Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). eles estão concorrendo ao prêmio de 1 milhão de dólares no The Venture, na categoria de crowdfunding, e dependem da votação popular para conquistar o prêmio e investir no projeto. Para votar na competição, que é voltada para jovens empreendedores, é só acessar o site: theventure.com.